quarta-feira, março 29, 2006

Ujayi pranayama, o melhor remédio para nó na garganta.

Hoje vou-me antecipar e correndinho vou aqui registrar:

UJAYI PRANAYAMA, para quem sente aquele nó na garganta, pela minha mestra MONSERRAT.

Disse-me a mestra, em seu chamado que transcende o ordinário, na acepção de ser apreendido por todos, e só por isso ainda excepcional (com maiores detalhes explicativos do dito, na oportuna atualização dessa introdução):

"Quando se forma o nó na garganta é porque todo o saber já está elaborado, mas ainda não consegue ser dito, verbalizado. Para isso, faça ujayi pranayama, a respiração que pode ser definida como a respiração da realização bem-sucedida, vitoriosa."

Faça, então, assim: imagine-se abrindo a boca frente a uma janela e, por meio de uma baforada, embaçando a janela com o seu hálito. Agora tente fazer a mesma coisa de boca fechada, inspirando e expirando tão-somente pelo nariz. Relaxe, para tanto, a garganta e a boca. E não desista enquanto não puder ouvir em alto e bom tom o som dessa respiração, saindo da garganta, como se você respirasse, efetivamente, por ela.

Essa respiração é uma das bases da prática ashtanga vinyasa-yoga, difundida por Patanjali. Na essência, uma das vertentes dentro do HATHA YOGA. Na modalidde ashtanga vinyasa-yoga, o ujayi é utilizado como uma das ferramentas para reter o fogo interno, associado aos chamados bandas. E, por isso, lhe são atribuídas, também, as características de euforia e purificação, vinda através de intenso suor, que é parte inerente dessa prática. Assim, recomendo, pessoalmente, o cuidado de ser essa respiração praticada nos momentos que antecedem ao sono.

Voltando à mestra Monserrat, simplesmente relaxe a cabeça, pendendo-a para frente. E pratique um pouquinho de ujayi pranayama, o melhor remédio para nó na garganta!

HARI OM!

sexta-feira, março 24, 2006

Uma má-temática?

Mocinha e Bandida?
Amor é Prosa, Sexo é Poesia. *
Se hoje é Noite, amanhã será Dia.
A compreensão,
Não venha tardia...
Venha, antes do fim, um dia!
Com-paixão.


*Frase por Arnaldo Jabor.

quinta-feira, março 09, 2006

A palavra nua de Foucault

Por Bernardo Rieux
16 de junho de 2005 , em www.oestrangeiro.net


Em 21 de novembro de 2004 Clara Allain publicou na Folha uma tradução de entrevista inédita de Michel Foucault ao Le Monde, após a publicação de As Palavras e as Coisas, em 1966. Abaixo, tomamos a liberdade de reproduzir a tradução (por tratar-se de um texto inédito), com as devidas referências.

A palavra nua de Foucault
DO "LE MONDE"


http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mais/fs2111200424.htm

Michel Foucault já concedeu muitas entrevistas, mas poucas vezes falou sobre aquilo que o liga de maneira íntima à escrita, à qual ele chegou tarde e por necessidade. Nesta entrevista de 1966, ainda inédita e dada a Claude Bonnefoy após o lançamento de "As Palavras e as Coisas" [Martins Fontes] -e conservada no Centro Michel Foucault-, o filósofo francês fala de suas dúvidas, convicções e de sua relação íntima com a escrita.


O sr. poderia explicar como abordou a escrita?


Uma de minhas lembranças mais constantes -certamente não a mais antiga, mas a mais obstinada- é a das dificuldades que tive para escrever bem. Escrever bem no sentido em que se entende o termo na escola primária, ou seja, criar páginas de escrita bem legíveis. Acredito -na verdade, tenho certeza- que, em minha classe e minha escola, eu era o mais ilegível. Isso continuou por muito tempo, até os primeiros anos do ensino secundário.
Assim, minha relação com a escrita era um pouco complicada, um pouco sobrecarregada. Mas existe outra recordação, bem mais recente. É o fato de que, no fundo, eu nunca levei muito a sério a escrita, o ato de escrever. O desejo de escrever só surgiu forte em mim quando eu tinha cerca de 30 anos. Para chegar a descobrir o prazer possível da escrita, foi preciso estar no exterior.
Eu estava vivendo na Suécia e me via obrigado a falar ou o sueco, que conhecia muito mal, ou o inglês, que praticava com muita dificuldade. Meu conhecimento fraco dessas línguas me impediu de dizer o que eu realmente queria durante semanas, meses, até mesmo anos.
Eu via as palavras que queria dizer sendo travestidas, simplificadas, tornando-se como pequenas marionetes irrisórias à minha frente, assim que as pronunciava.
Nessa impossibilidade de usar minha língua própria, percebi, em primeiro lugar, que esta possuía uma espessura, uma consistência, que ela não era simplesmente como o ar que respiramos, uma transparência absolutamente insensível, mas que tinha suas leis próprias, seus corredores, suas linhas, seus declives, suas costas, suas irregularidades -em suma, que tinha uma fisionomia e que formava uma paisagem na qual podíamos caminhar e descobrir em volta das palavras, das frases, de repente, pontos de vista que não apareciam até então.


Nessa Suécia em que tinha que falar uma língua que me era estranha, compreendi que podia habitar minha língua, com sua fisionomia repentina particular, como o lugar mais secreto, mas mais seguro, de minha residência nesse lugar sem lugar que é o país estrangeiro no qual nos encontramos.

Quando o sr. começou a escrever, houve uma reviravolta, então, com relação a essa concepção primeira e desvalorizadora da escrita?


A reviravolta veio, evidentemente, de mais longe. Mas cairíamos numa autobiografia ao mesmo tempo anedótica demais e banal demais para que fosse interessante falarmos dela. Digamos que foi por meio de um trabalho longo que eu finalmente conferi a essa palavra tão profundamente desvalorizada um certo valor e um certo modo de existência.
Hoje, o problema que me preocupa -e que, na realidade, não pára de me preocupar há dez anos- é o seguinte: em uma cultura como a nossa, em uma sociedade como a nossa, o que significa a existência das palavras, da escrita, do discurso? Me pareceu que nunca atribuímos importância tão grande ao fato de que, ao final de tudo, o discurso existe.

Os discursos não são apenas uma espécie de película transparente através da qual e graças à qual enxergamos as coisas, eles não são simplesmente o espelho do que é e do que pensamos. O discurso possui uma consistência própria, sua espessura, sua densidade, seu funcionamento. As leis do discurso existem do mesmo modo que as leis econômicas existem. (reporto-me, aqui, ao comentário feito na postagem 'what the bleep do we know').


--------------------------------------------------------------------------------
As pessoas sentem minha escrita como uma agressão; elas sentem que existe nela alguma coisa que as condena à morte; eu não as condeno à morte, simplesmente suponho que já estejam mortas
--------------------------------------------------------------------------------


É claro que ela marca uma conversão total com relação àquilo que, para mim, era a desvalorização absoluta da palavra quando eu era criança. Me parece -creio que consiste nisso a ilusão de todos aqueles que acreditam descobrir alguma coisa- que meus contemporâneos são vítimas das mesmas miragens de minha infância. Também eles crêem facilmente demais, como eu fazia no passado, como se acreditava em minha família, que o discurso, a linguagem, não é grande coisa, no fundo.
Os lingüistas, eu sei, descobriram que a linguagem é muito importante porque ela obedece a leis, mas eles insistiram sobretudo na estrutura da linguagem, ou seja, na estrutura do discurso possível.
Mas eu me pergunto é sobre o modo de surgimento e funcionamento do discurso real, sobre as coisas que foram efetivamente ditas. Trata-se de uma análise das coisas ditas, na medida em que são coisas. É isso que é o oposto do que eu pensava quando era criança.
Sinto uma impressão de veludo quando escrevo. Para mim, a idéia de uma escrita aveludada é como um tema familiar, no limite do afetivo e do perceptivo, que não pára de assombrar meu projeto de escrever, não pára de guiar minha escrita quando estou escrevendo, que me permite a cada momento escolher as expressões que quero utilizar. A doçura é uma espécie de impressão normativa para minha escrita. Assim, fico muito espantado ao constatar que as pessoas tendem a enxergar em mim alguém cuja escrita é seca e mordaz.
Refletindo sobre isso, acho que são elas que têm razão. Imagino que deve existir, em minha caneta, uma velha herança do bisturi. Talvez, afinal, eu trace sobre a brancura do papel os mesmos sinais agressivos que meu pai traçava sobre os corpos dos outros que ele operava. Transformei o bisturi em caneta. Passei da eficácia da cura à ineficácia da livre proposta, substituí a cicatriz sobre o corpo pela grafitagem sobre o papel, substituí o inapagável da cicatriz pelo sinal perfeitamente apagável e rasurável da escrita. Talvez seja mesmo o caso de ir mais longe ainda. A folha de papel, para mim, talvez seja como os corpos dos outros.
O que é certo, o que eu senti imediatamente quando, perto dos 30 anos de idade, comecei a sentir o prazer de escrever, é que esse prazer de escrever sempre guardou um pouco de relação com a morte dos outros, com a morte de modo geral. Essa relação entre escrita e morte é algo do qual mal ouso falar, pois sei quanto alguém como [Maurice] Blanchot já falou sobre coisas muito mais essenciais, gerais, profundas e decisivas do que o que eu possa dizer agora.
Eu diria que a escrita, para mim, está ligada à morte, talvez essencialmente à morte dos outros, mas isso não significa que escrever seria como assassinar os outros e realizar contra eles, contra sua existência, um gesto definitivamente mortífero que os expulsaria da presença, que abriria um espaço soberano e livre à minha frente. De maneira nenhuma. Para mim, escrever significa lidar com a morte dos outros, sim, mas, essencialmente, significa lidar com os outros na medida em que já estão mortos. De certa maneira, falo sobre o cadáver dos outros. Devo confessar que, até certo ponto, eu postulo sua morte. Falando deles, me vejo na situação do anatomista que faz uma autópsia.
Com minha escrita, eu percorro o corpo do outro, faço incisões nele, levanto os tegumentos e as peles, procuro trazer os órgãos à tona e, com isso, fazer aparecer finalmente o local da lesão, o local onde reside o mal, esse algo que caracterizou sua vida, seu pensamento e que, em sua negatividade, acabou por organizar tudo o que eles foram. Esse coração venenoso das coisas e dos homens -é isso, no fundo, o que eu sempre procurei trazer à tona.
Eu compreendo, também, porque as pessoas sentem minha escrita como uma agressão. Elas sentem que existe nela alguma coisa que as condena à morte. Na realidade, sou bem mais ingênuo do que isso. Eu não as condeno à morte. Simplesmente suponho que já estejam mortas. É por isso que me surpreendo quando as ouço gritar. Fico tão espantado quanto o anatomista que sentisse redespertar de repente, sob a ação de seu bisturi, o homem sobre o qual pretendia fazer uma demonstração. Bruscamente, os olhos se abrem, a boca se mete a gritar, o corpo a se retorcer, e o anatomista se espanta: "Então ele não estava morto!".

Acho que é isso o que acontece comigo em relação àqueles que me criticam ou gritam contra mim, depois de me haver lido. Sempre é muito difícil para mim responder a eles, exceto por uma desculpa, desculpa que eles talvez interpretem como ironia, mas que, na realidade, é a expressão de meu espanto: "Então eles não estavam mortos!".

--------------------------------------------------------------------------------

quinta-feira, março 02, 2006

US1 & US2, sob um olhar autista.



O olhar...
O autista...
A comunicação...







Sobre isso tanto há a falar, mas como se sabe o autista não se comunica. Ao menos por palavras... Ah, isso vai render sim! Mas não hoje. Agora apenas preciso registrar um orgulho da terrinha. É sobre um rapaz, sobre o qual ouvi falar numa deliciosa mariscada sob o sol e o mar generoso de uma Santa Catarina, genro da amiga das mães de duas amigas. Professor em Yale, Phd, referência mundial no tratamento sobre autismo. Nascido em Curitiba, minha terrinha. Puro ufanismo.


"Ami Klin, Ph.D. is the Harris Associate Professor of Child Psychology and Psychiatry at the Yale Child Study Center. He obtained his Ph.D. from the University of London, and completed post-doctoral fellowships in developmental psychopathology at the Yale Child Study Center. He coordinates psychological evaluations at the Yale Child Study Center Developmental Disabilities Clinic, and the diagnostic, neuropsychological, and social cognitive assessments of two large, federally-funded program projects focused on behavioral and neurobiological aspects of autism and related conditions. Dr. Klin's research activities focus on psychological and biological mechanisms impacting socialization, particularly as these mechanisms are expressed in individuals with autism and related severe social disabilities. He is the author of over 60 publications in this field of research. He is also the co-editor (with Drs. Fred Volkmar and Sara Sparrow) of a textbook on Asperger Syndrome, published by Guilford Press. "

at http://www.autism.fm/

Imagens retiradas de http://www.autismarts.com/

1 - 'Red Hair Lady', by Mark Rimland, Kentucky

2 e 3 - Us number 1 e Us number 2, by Rhys Wynne. Born in 1990 and lives in Bangkok, Thailand. This 13 year-old boy loves to draw and paint. He starting drawing at a very early age. Rhys hopes to one day become an illustrator for children's books. E aí, se tiver algum tempo, detenha-se na diferença entre as interações das imagens Us1 e Us2.