domingo, fevereiro 25, 2007

Soneto Claudicante de Aniversário



Chamaram-na Cláudia.
Incerta, vacilante, hesitante
Acrescento excitante?

Que arrepios,
Esses calafrios
Incertos de cadios*?

Claudicar é coxear,
Coxa para cá, coxa para lá.
Coxa, anda.
Anca pra cá, anca pra lá.

Rebola nessa bola.
Redonda rola.
Quem rola, não manca:
deslisa lisa.


Lisa pra cá, lisa pra lá...
Feito brisa, deslisa
Viva!
Viva pra cá, viva pra lá...


Notas explicativas:

Soneto tem esta "fôrma":

quatro estrofes no total

duas de quatro versos
duas de três versos

Essa é a razão desse soneto ser claudicante, um soneto que decidiu sê-lo para além da fôrma.

*Cadios? Foi um inventar-se, aqui, em palavras. O significado deixo o leitor buscar por si só a sensação de poder caminhar para além de suas próprias falhas ou faltas, se assim preferir. Faltas, justo o que nos faz seguir em frente.

domingo, fevereiro 11, 2007

Poema sem preconceito.
















Quero um poema branco,
sem preconceito.
Poema, não quero um que me diga
do que poderia mais não foi.


Se falo de memórias ou de sonhos,
é porque preconcebi.
E nesse entanto,
O que quero é um poema
E que seja branco.




Mas poderá assim existir,
Se em branco não se pode constituir?
Mas aqui o que quero é existir,
Em branco, sem pré-constituir.




Fotos por Dalio Zippin Neto, Patagônia, janeiro/2006.