quarta-feira, agosto 27, 2008

Gabella Gazella Gabriella





Como XXI


"Una calma solenne,
Un silenzio intenso,
Sembra un lago di fiaba, allora,
il mio lago. S'è vestito
d'una sua desolazione squisita".

Carlo Linati

"In certi momenti,
Il lago ha struggente armonia
d'una pittura giapponese.
Una rosa, preziosa come una
fantasia orientale,
diffondi il suo delicato profumo...
É l'odore del lago".


"Uma calma solene,
Um silêncio intenso,
Parece um lago de fábula, então,
O meu lago. Vestiu-se
de uma sua intensa desolação.

Em certos momentos
O lago tem a harmonia imensa
de uma pintura japonesa.
Uma rosa, preciosa como uma
fantasia oriental,
difunde o seu delicado perfume...
É o'lor* do lago".


Esse post está aqui, por hora, apenas para dar a conhecer que quem casa, quer casa! Que tal inspirar-se em www.gabelgroup.com e num certo lago, belo Como* só ele?

*O'lor = o olor, variante poética de odor... na primeira versão preferi "cheiro", por ser mais intimista e infinitamente mais utilizado no português falado, se bem contabilizam os meus ouvidos... mas já que poesia requer um certo alo de sofisticação, vamos deixar por hora esse o'lor, para aliviar a nossa dor... que com apóstrofo, fica mais próximo de flor ;))



Carlo Linati (1878-1949): escritor italiano e crítico literário, conhecido pela sua novela "Duccio da Bontà (1912). Ele também escreveu histórias autobiográficas, alegóricas e de nuances psicológicas e fatídicas. Em "Estória dos animais e dos fantasmas (1925), ele criou e desenhou, a partir de referências de um mundo animal e fantástico, como "Fábula Marinha", que conta uma história sobre um mundo marinho onde um pequenino mas esperto peixinho devora um tubarão. (www.answers.com/topic/carlo-linati - 28 k)

"Linati Schema for Ulysses" é como ficou conhecido o esquema formulado por James Joyce, em 1920, para ajudar o seu amigo escritor, Linati, a entender a estrutura fundamental do livro. A divisão em duas tabelas menores tem sido utilizada para ajudar a facilitar a leitura. Referências a partir de "en.wikipedia.org/wiki/Linati_schema_for_Ulysses - 31k".


*Referência ao Lago Como, Itália. (http://www.gabelgroup.com/ita/showroom.php - Coleção Como XXI).

sábado, agosto 23, 2008

A DNA NADA PELA VIDA ÁVIDA



Montagem feita a partir de uma foto que retrata uma grande amiga minha, nascida em Manaus e que adotou Curitiba, chamada Aracy Pinheiro, dançando Flamenco...

Algumas coisas você pode negociar com o destino,
Outras vêm de presente...
Antes que você as deseje,
Apresentam-se à sua porta.

Milagre da vida a se realizar^^^^
De cada pedra, saber tirar,
Toda a luminescência, que o só DNA
Consegue, fielmente, lapidar...

Se fiel tem algo a ver com féu,
Só com carinho e muito amor, amor,
É que quero teu amargor,
Adoçar bem lá no céu...

Da boca rouca,
Um beijo com ardor
Para aliviar a nossa dor...

sexta-feira, agosto 22, 2008

Cinde, Cindi, Cinde, Cinderela!



Foto antecipando algum escrito em homenagem ao encontro da Cindi, cujo nome foi escolhido por ser diminutivo de cinderela, numa conversa ao pé-de-ouvido ;))

Cinde, Cindi, Cinde!
Se não te decides,
És tu a cindida...
Clarabela Cinderela,
Sou preto no branco...

quinta-feira, agosto 21, 2008

Às vezes...


em pensamento, eu rondo a cidade, a 'te' procurar...querendo saber onde você está, como anda a sua vida, se ainda vive pelas bandas de cá ou se já sorri, como sempre feliz, pelas bandas de lá. De um jeito ou de outro, quero que saiba que por aqui você sempre está. Meu anjo protetor, Helena, de tez morena feito o seu sobrenome Nogueira. Eu a convenci a largar o emprego para ser a minha segunda mãezinha, antes mesmo de fazer um ano, quando lhe extendi os bracinhos sorrindo, no primeiro momento em que a vi. E daí em diante foram nove anos de cuidado e carinho mútuo. Não ficaram fotografias, de repente a máquina se foi e as prioridades foram deixando de registrar o que sempre esteve presente e ficou para sempre em meu coração. Meu anjo, minha fada, minha doce dançarina da caixinha de música que ainda toca em mim, você foi a responsável por despertar a minha tenacidade em buscar a chave certa, quando assim me distraía com um molho de chaves frente a uma fechadura, fazendo-me sorrir sempre que conseguia encontrar o encaixe que permitia desvendar o mistério do abrir e do fechar portas...

Foto:
http://flickr.com/photos/7869043@N02/2043065433/

segunda-feira, agosto 18, 2008

Destinos do "Bruneco"









Era uma mocinha, um mocinho, uma patinha, um patinho, um passarinho e uma avezinha, cujos destinos se entrelaçavam nas mãos de um menino, que escrevia a história da sua vida, desde o primeiro dia em que nasceu.

*Bruneco, uma brincadeira com o nome do seu Bruno Felipeco! ;))

domingo, agosto 17, 2008

Flores pela manhã


"O idioma nipônico, por vezes se assevera, é único, sem pai, sem filho e sem irmão. De certo modo, o Japão, na conquista do desenvolvimentoe do progresso, também se pauta por desempenho peculiar, ainda que possa ter imitadores, como os 'tigres' que procuram plagiar-lhe o civismo, o valor e a virtude, na caça do mistérico DNA do desenvolvimento, como ocorreu com as duas economias chinesas, ambas organizadas e comandadas literalmente por soldados de longa e sofrida guerra, pouco interessando se ganha ou perdida. Aliás, a formação de quem repôs em pé o Império do Meio é essencialmente nipônica: o jovem Mao se modelou nos samurais e não na escola soviética, onde estudou Xancaixec. A forja nipônica de Mao fora superior à dura disciplina do soldado soviético. Pôr novamente a China de pé não seria obra fácil ou expedita, mas aqui não cabe valorizar ou desvalorizar a figura de Mao. Os contrastes e os confrontos da vida têm números surpreendentes, mesmo sem levar água demasiada ao moinho de Chesterton, mestre abusivo do paradoxo".

(Samurais e Bandeirantes, Contrastes e Confrontos inexoráveis, Virgílio Balestro, Ed. Kaygangue Ltda., págs. 96-97).

Foto tirada em 17.8.2008, Praça do Japão, Curitiba, Paraná.

* Tchang Kai-Chek e Jiang Jieshi são algumas das outras grafias que se encontra para a transliteração do nome do general vencido por Mao. A opção pelo nome à portuguesa, ao estilo camoniano, é uma dentre tantas provocações que o livro sutilmente apresenta, em busca de despertar a civilidade entorpecida nas terras de Macunaíma. As melhores aulas ao aluno interessado, do meu grande mestre, que se tornou gigante a partir da sua humildade, é o que carinhosamente lhes confessa a aluna para sempre 'tiete' ;))

sábado, agosto 16, 2008

Cielo Dourado


Flores por decreto*, ningém é de ferro, as flores de plástico não morrem! Se você entende português e é brasileiro, essas frases podem lhe soar familiares. E acho muito bom que assim seja, se me permite a opinião...Sim, ninguém é de ferro, mas isso necessariamente não impede que continuemos em busca de ouro, prata e bronze, além de pedras que, para alguns, quanto mais dura melhor! O "Di-amante" costuma a ser uma das mais valorizadas, justamente por conjugar as qualidades de transparência e rigidez. Isso, sinceramente, me lembra uma das metas do yoga, na minha simples forma de 'colocar isso aqui e agora - portanto, nem se questione de onde é que tirei isso, respondo já: da minha caixola mesmo...

Boa-noite, tenha um ótimo fim de sábado e fique com um Beijing 2008 todo dourado, em homenagem à cor que apontou nessa madrugada para nós, brasileiros, numa China distante... com uma intensidade, porém, que foi nitidamente percebida pelos trópicos sul-ocidentais, como se fosse um raiar de um novo dia ... eu vi e você, se não viu, creio que, sendo brasileiro, deve ter ouvido falar sobre!


A raia era a de número quatro, um número que há tempos se revela intrigante para esse euzinho que lhes escreve!

*Veja post do mesmo nome, em agosto de 2008.
* Dedicado a Cesar Cielo, que ganhou medalha de ouro, 50m livre, nas Olímpiadas da China, Beijing 2008, o ano do fenômeno Phelps, a nos dizer que sim, a superação de si mesmo é possível! ;))

quinta-feira, agosto 14, 2008

O boca a boca informatizado






"...a vida moderna tem trazido necessidades novas, uma das quais é a existência de cadastro das pessoas, tudo para possibilitar a defesa dos cidadãos contra aqueles que teimam em descumprir suas obrigações sociais. A existência de entidades específicas com informações dos inadimplentes, é forma nova da 'voz do povo'. Aquilo que antes as pequenas comunidades cuidavam de fazer, relacionando boca a boca aqueles não merecedores de confiança popular, hoje, face aos grandes conglomerados urbanos, ou até à glogalização, há de ser feito por entidades informatizadas. E não se diga que são direitos individuais que estão sendo violados. Não se pode opor esses direitos quando o ato atacado visa justamente a proteção dos direitos sociais, ou melhor, resguarda o direito de todos os demais indivíduos" (Agravo nº 726.070-6, 9ª Câmara do TACivSP, Rel. Juiz José Luiz Gavião de Almeida).

E você, como anda cuidando do seu catálogo, do cadastro da sua pessoa? Primeiro foram os cadastros de inadimplentes, mas o que impede que se possa acrescentar outros dados ou mesmo se criar outras modalidades de 'cadastros de pessoas', que de um jeito ou de outro raramente conseguem não viver em sociedade, sem enlouquecer?

Pelo canto da boca escorre
Uma gota ávida e cítrica.
A língua deslizando sorve
Uma ignota ácida e crítica.

(Por euzinha, em 6.8.2007).

domingo, agosto 10, 2008

Homenagem ao Dia dos Pais

Esse post está aqui apenas provisoriamente, para que, no tempo oportuno, venha um escrito digno de tantos pais, que fazem a diferença num 'País' de tantos órfãos.

Em breves linhas, 'no woman, woman no cry'... bem que eu me lembro, a genge sentava ali, na beira do asfalto, em meio a tanta hipocrisia, bem já cantou o nosso ex-ministro da cultura, o sempre Gilberto Gil!

Vou-me agora, sem antes de deixar dito, com todas as palvras, da minha eterna graditão por ter correndo nas veias o sangue dos 'temíveis irmãos Previdi', comunistas não apenas ideologicamente, numa época em que o zelar pelo bem-comum era sinônimo de subversão, que dava cadeia!

Feliz dia dos pais, ao meu e a tantos outros, como ao meu vô Virgílio e ao tio-avô Nilo - temíveis não por seus atos, mas pelo efeito de suas opiniões, sempre um risco ao status quo vigente.

sábado, agosto 09, 2008

Acho



Letra de Carlos Careqa, na versão de Carolina Cortes.


Acho que fiz meia música pra você
Aceita minha meia música
Desculpe o meu vexame
De fazer meia música pra você...


Acho que fiz meio amor com você
Aceita meu amor ao meio
O meu sonho de sedutor
De fazer meio amor com você...


Acho que quero ser meu de você
Metade da metade
Da super felicidade
Do meio que provoca o teu prazer...

Acho que meio amigo seu eu vou ser
Aceita meia amizade
O resto é banalidade
Meio amigos é o que podemos ter...


Acho que fiz meia música prá você
Aceita minha meia música
Desculpa o meu vexame
De fazer meia música prá você...

Acho que fiz meio amor com você
Aceita meu amor ao meio
O meu sonho de sedutor
De fazer meio amor com você...

Acho que quero ser meu de você
Metade da metade
Da super felicidade
Do meio que provoca o teu prazer...

Acho que nem amigo seu eu vou ser...
Aceita meia amizade,
O resto é banalidade,
Meio amigo ser é o que podemos ter...

Música, amor
Música, amor

Amizade, felicidade
Amizade, felicidade

Prazer em conhecer
Prazer em conhecer

Música, amor...
Música, amor...

quinta-feira, agosto 07, 2008

Flores por Decreto






Esse post começou num dia cinza, dia de chuva, dia frio. Parada num certo balcão de espera, avisa a minha Rede Paranaense de Televisão: Flores por Decreto! Hora do almoço, semana de preparativos para a abertura das Olimpíadas na China. Uma China comunista, que quando veio ao mundo achou que toda a arte contrária à sisudez do cinza era subversiva. E toda a produção de beleza foi castigada por décadas, em tempos em que até abandonar recém nascidas do sexo feminino nas ruas era tido como necessário. Mulheres podem ser belas, mas importa mais o varão que sustenta, do que uma beleza que desvia do objetivo comum. Quando a nova geração germinou e cresceu, alguns se deram conta de que os jovens não sentiam saudades do que lhes era estranho: as flores, por remeterem à beleza, foram proibidas de serem plantadas. Parece estranho obrigar alguém e, muito mais, uma imensa sociedade a plantar flores, pelo fato de que a grande maioria já nem se lembrava mais da alegria que a primavera traz ao mundo, ao sussurrar pelos ventos que a natureza renasce em festa!

Sim, flores por decreto. A beleza, banida, retornando em forma de imperativo categórico. Uma medida drástica, para tentar recuperar certas asneiras de outrora...

segunda-feira, agosto 04, 2008

Obelix-a e Asterix


Esse continho começou a partir da idéia sobre o que consiste a arte da sedução, do latim seducere, que significa desviar, afastar, desencaminhar, conduzir para o lado. Nas palavras de Latuf Isaias Mucci, em "Uma teoria da tradução", seduzir "indica a atração de um lugar (ou pessoa) para outro (ou outra). No campo semântico dos verbos, originados de “ducere”, ocorre, portanto, um movimento, uma atração, um ímã. ("www.arscientia.com.br/materia/ver_materia.php?id_materia=451)".

Diz Ivo Lucchesi, em "Sedução e Poder", que "nada mais oportuno quanto necessário do que, na abertura do tema proposto, se recuperar a etimologia da palavra “sedução”. Com o intuito de não se incorrer em mera repetição do que, em outra época, a respeito já escrevemos, melhor será a transcrição direta da fonte: A palavra provém do Latim seducere (se[d] + ducere). Sed, além de conjunção equivalente a “mas”, atuava nos textos antigos como prevérbio, significando “separação”, “afastamento”, “privação”, e ducere queria dizer “levar”, “guiar”, “atrair”. Em síntese, portanto, “seduzir” era o processo pelo qual se atraía para privar o outro da autonomia de si, sob a promessa de possibilitar-lhe a experiência do prazer pleno". ("www.brasilcultura.com.br/conteudo.php?id=414&menu=87&sub=454").

Feito esse breve intróito de ordem língüística, que não pára por aqui, continuo com as apropriadas referências de Zygmunt Bauman, em "Modernidade e Ambivalência", Ed. Zahar, que inicia com a abordagem nominada "A busca da ordem" (fls. 9/26) e dá o primeiro passo refletindo acerca do conceito de ambivalência, por ele assim definida: "possibilidade de conferir a um objeto ou evento mais de uma categoria, é uma desordem específica da linguagem, uma falha da função nomeadora (segregadora) que a linguagem deve desempenhar. O principal sintoma de desordem é o agudo desconforto que sentimos quando somos incapazes de ler adequadamente a situação e optar entre ações alternativas". Assim começa o autor a discorrer acerca do que nomina como uma ambivalência que não é nada mais do que um aspecto normal da prática lingüística, da qual decorre a função da língua de nomear, classificar, ordenar, propondo que a ambivalência é o 'alter ego' indissociável da linguagem. A angústia da ambivalência, segundo ele, decorreria da sua capacidade de confundir o cálculo dos eventos, de acordo com os padrões de conduta memorizados por cada um, no seu instinto natural de sobrevivência, porquanto nenhum dos padrões previamente apreendidos seriam claros o suficiente para conduzir o sujeito com segurança ao trilhar por situações ambivalentes. Dessa forma, o ato de classificar, de por ordem no mundo, acena como uma saída segura contra a dúvida e a angústia que própria ambivalência gera. Entretanto, o ato de classificar só se realiza pelos atos de incluir e excluir, reflexão que dá a conhecer que a essência classificatória, na busca da ordem, não deixa de trazer em si um ato de violência contra o mundo, na medida em que necessita excluir para se realizar. Torna-se, assim, evidente que a genuína busca de erradicar a ambivalência tem, em sua força motriz, não apenas o efeito de buscar extirpar a ambigüidade, mas é também geradora de si mesma, na medida em que o ato de classificar se constitui na força propulsora que gera mais ambigüidade. Prossegue o autor com o contra-posto entre a ordem e o caos, propondo que são gêmeos modernos, que vieram ao mundo após a perda daquele ordenado de modo divino, previamente à concepção do Leviatã de Hobbes. Assim, sugere que a consciência da ordem adveio a partir da visão de Hobbes, que introduziu o seu conceito em contraposição ao natural. Pode-se, assim, dizer que a modernidade existe pelo fato de bifurcar-se nas possibilidades entre ordem e caos, tendo-se, entretanto, que fazer uma opção entre essas duas alternativas, na hoje já clássica concepção de amódio que nos habita nesses tempos ditos modernos.

É dentro dessa visão que a luta pela ordem não se constitui na luta entre propostas e visões concorrentes, mas sim a luta contra a ambivalência, da transparência contra a obscuridade, da clareza contra a confusão, como meio para o discernimento da ambivalência total, do acaso do caos. "O outro da ordem não é uma outra ordem: sua única alternatia é o caos. O outro da ordem é o miasma do indeterminado e do imprevisível. O outro é a incerteza, essa fonte e arquétipo de todo medo. Os tropos do 'outro da ordem' são: a indefinibilidade, a incoerência, a incongruência, a incompatibilidade, a ilogicidade, a irracionalidade, a ambigüidade, a confusão, a incapacidade de decidir, a ambivalência. O caos, 'o outro da ordem', é pura negatividade. É a negação de tudo o que a ordem empenha em ser. É contra essa negatividade que a positividade da ordem se constitui. Mas a negatividade do caos é um produto da autoconstituição da ordem, seu efeito colateral, sua resíduo e, no entanto, condição 'sine qua non' da sua possibilidade (reflexa). Sem a negatividade do caos, não há positividade da ordem: sem o caos, não há ordem".

E prossegue brilhantemente Zygmunt Bauman: "A prática tipicamente moderna, a substância da política moderna, do intelecto moderno, da vida moderna, é o esforço para exterminar a ambivalência: um esforço para definir com precisão - e suprimir ou eliminar tudo que não poderia ser ou não fosse precisamente definido. A prática moderna não visa à conquista de terras estrangeiras, mas o preenchimento das manchas vazias no 'compleat mappa mundi'. É a prática moderna, não a natureza, que realmente não tolera o vazio".

Bem, prosseguindo agora bem ao estilo "Sanidade Bandida", do vazio, que remete à fome, vamos fazer um tour pelo apetite de embarcar no mundo e abarcar os caminhos que se abrem frente à imensidão de rios que a língua nos proporciona, nesse encontro de águas doces e salgadas do mar da vida.

O continho fala de uma conversa virtual entre Obelix-a e Asterix. Fazia tempo que não se viam e Asterix resolveu dizer olá justo quando Obelix-a planejava conhecer as redondezas da região que ficava ao nordeste do grande reino que habitavam, próximas à cidade natal de Asterix, conhecida por suas praias que remetem ao paraíso perdido aqui na terra. Asterix, sempre gentil e carinhoso, confidenciou-lhe, depois de receber algumas fotos suas, que ela continuava atraente como dantes, com suas curvas e cabelos de fogos ardentes e que muito lhe agradava a idéia de ser por ela seduzido, aditando que seria um imenso prazer revê-la em qualquer lugar, fosse ao sul, ao norte, ao centro-oeste ou mesmo ao nordeste, menos na sua cidade natal, por conta de sua namorada que era de lá. Obelix-a, realmente e quase sempre muito ardente, respondeu-lhe sem titubear:

- Quanto à idéia de seduzir você, para isso eu precisaria antes de um grande vazio, aliado a uma tentativa de desviar-me do caminho, para que a fome, em busca de sua ânsia de saciedade, se entregasse sem maiores reflexões aos pecados dessa gula, pelo instinto básico de sobrevivência. Entretanto, ao contrário do meu irmão e seu amigo inseparável, o Obelix, que vive acima do peso e é louco por beliscos, eu, sempre às voltas com a balança e vaidosa, prefiro ser um belo e sinuoso obelisco do que fazer as vezes de um saboroso petisquinho. É fato que um bom belisco será sempre um bom belisco e, embora às vezes engordativo, seu paladar é muito bem-vindo para abrir o apetite numa refeição! Minha fome, porém, apenas consigo saciar plenamente degustando um substancial prato principal, posto que um petisco, não importa o quão delicioso, vai bem de entrada, mas, definitivamente, não sacia a minha fome, principalmente a de 'pertencer' a uma relação de carinho, afeto e companheirismo, com todos os eteceretas de não menos importância!
Com afeto, Obelix-a!

Afeto que vagueia entre a ordem e a desordem, nesse medo, que nada mais é que a tradução de angst, que significa medo em alemão, e que deu origem a uma palavrinha intrigante chamada angústia ;))