segunda-feira, maio 14, 2007

Pata-Pia & Pato-Pio, Patas-Fias & Pato-Fio.



Às vezes me flagro a brincar.
Entretida, me ponho em retroprojetor.
Minhas vidas a telespectar,
As revejo ao vivo e em cor.


Tem horas para a dor
E também cânticos e amor.


Prefiro a fé entoada,
A meras ladainhas desalmadas.
Ecológicas,
Só por em mantras papagaiadas?


Se me repito é por amor.
Oras sem dó menor,
Componho e me recomponho,
Nessa ária que desvaira.


Às vezes Ave,
Às vezes Maria,
Mas é Ela, sempre Ela,
Esse amor que paira em mim.


II


Ao me imaginar Ave,
Pouso de mansinho sobre o torvelino.
Umbigo abaixo, parece ninho.


Bato asas, repouso em mim,
Ao som de um mar sem fim.
Quando virá o meu Delfim?


III


Relembro o caminhar,
Manhã familiar.

O vento sopra,
Deslizando por d'entre galhos.
Eis aqui o farfalhar!

Escute bem, minha filha, o desprendimento.
Das folhas, o despertar!


* O título Pato-Pio & Cia. Ltda. foi inspirado no nome sugerido por minha mãe ao meu mais recente bichinho de estimação, que na hora certa virá até aqui para ilustrar esse post, certamente sob o farfalhar. E diante da referência familiar, acrescentei duas fias e um fio, pois lá em casa os filhos são três. Fio, uma referência à intimidade da brasilidade dos que chamam seus filhos de meu fio, minha fia, mesmo depois de cortado o umbilical.
* Delfim, sinônimo para golfinho, aqui foi utilizado na seguinte acepção: "Tem uma visão muito aguda e acompanha os navios em duplas dando saltos tão sincronizados que parecem ser um só. O golfinho (delfim), por sua comunicação é um dos símbolos do amor." E justo por isso, o nome foi tradicionalmente dado aos filhos primogênitos, na França, como símbolo do milagre do amor, que nos dá a vida: essa, a herança de todos nós.



at: diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=355797

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