sexta-feira, outubro 14, 2005

WHAT THE BLEEP DO WE KNOW?

WHAT THE BLEEP DO WE KNOW?

Esse é o nome do filme-documentário, que não se chamou 'what the fuck do we know' foi pelo receio de ser mal-educado. Mas o título assim queria apenas dizer, de forma mais enfática, da inerente dúvida que o desconhecido nos traz, fazendo-nos perguntar constantemente: o que, a final, sabemos nós? Sobre a vida e a morte, sobre nós e os outros, sobre a realidade e a ilusão...

Para os afetos aos textos orientais, em especial os trazidos pelas doutrinas hinduístas e budistas, mais acostumados à semelhança entre os ensinamentos dessas linhagens do pensamento e a física quântica, as inúmeras mensagens do filme talvez venham menos revestidas do impacto da novidade, tomando mais o contorno da confirmação, da repetição e até mesmo de uma velha ladainha. Ladainha, que só quer dizer uma cantilena lengalenga quando usada no seu sentido figurativo. Figurativo, simbólico, ou seja, uma tentativa de aproximação do significado real de ladainha, que é uma oração formada por uma série de invocações curtas e respostas repetidas (dic. Aurélio).

A grande questão acerca da ladainha não seria exatamente um problema se as invocações não tivessem o condão, quiçá, de se revestir do manto de uma realidade. Esse é um dos primeiros paradoxos que o filme nos traz. O de contestar o fato de que a realidade nos seja imposta por agentes externos, propondo que ela pode ser construída a partir do sujeito, do observador, de quem, enfim, a experimenta. E, via de conseqüência, nos chama para a responsabilidade acerca da forma como experimentamos, a partir de nossas ladainhas, a nossa realidade.

Ladainha, repetição de uma curta oração. Sankalpa, que para o hinduísmo significa a pronúncia constante de pequenas assertivas, no intuito de mudar certos padrões mentais.

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